Sabes mesmo como o teu corpo se mexe na mota?

Sabes mesmo como o teu corpo se mexe na mota?

Como seres humanos vimos ao mundo sem algumas capacidades que outros animais nascem naturalmente a dominar.

Enquanto nós não sabemos andar, gatinhar, ou menos sentarmo-nos quando vemos o nosso primeiro dia, outros conseguem-no fazer mesmo que de forma meio descontrolada.

Dito isto, todos sabemos que não mantemos essas incapacidades motoras o resto da vida, mas isso não significa que ter aprendido técnicas de locomoção queira dizer que as compreendemos a fundo.

Hoje vamos falar de como compreender como nos mexemos nos permite tirar mais partido das nossas motas.

TENTA RODAR A MÃO

Como instrutor invisto muito tempo e dinheiro para tentar entender mais do que técnica de condução de motas.

Psicologia, neurociências, biomecânica, medicina, engenharia e outros tópicos ocupam a larga maioria do meu tempo de pesquisa e aprendizagem pessoal, pois compreender o que está na base do que acontece connosco em cima da mota é chave para vos conseguir ensinar a ser mais seguros, rápidos e consistentes.

Por passar tanto tempo a pesquisar e a falar com quem sabe a fundo dessas matérias, estou constantemente a ser surpreendido com a informação que recebo, mas poucas áreas me fascinam tanto como a biomecânica.

 

Imagem de institutcataladelpeu.comImagem de institutcataladelpeu.com

 

Compreender o que o nosso corpo está a fazer em cima da mota, porque o está a fazer, como o melhorar, e quais as suas limitações é algo que acredito me irá continuar a entusiasmar até ao fim da minha carreira como instrutor.

Um dos momentos que marcou o início deste interesse por biomecânica foi um exercício extremamente simples que me pediram para fazer, e que falhei redondamente.

Não me pediram para escalar a parede de um prédio ou para saltar de um segundo andar, nada disso.

Pediram-me para fazer um exercício para comprovar algo definido como falsa percepção de movimento.

Foi-me então sugerido que colocasse a palma da mão para cima, e sem rodar o pulso, que virasse a palma para baixo.

 

 

Depois de me sentir imbecil durante uns minutos a tentar compreender como raio fazer aquela magia negra funcionar, o que me sobrou foi um claro entendimento de que não fazia ideia de como o meu corpo se mexia.

Essa realização mudou muita coisa para mim, e tornou claro que tinha de rever o meu entendimento de técnica na mota para compreender o que estava na base de alguns erros e dificuldades sistemáticas.

MUDAR É DIFÍCIL

Compreender que algo está errado, saber como o mudar, e efectivamente ser capaz de sistematicamente utilizar a nova técnica na altura correcta são coisas muito distintas que necessitam ser trabalhadas independentemente.

Compreender que qualquer coisa está errada, principalmente por algo que estamos a fazer é um processo emocional complexo, mas chave para melhorar a nossa condução.

Implica aceitar que algo que acreditamos estar a fazer correctamente está afinal de contas errado, e isso é seguido de ter a humildade para decidir activamente fazer algo para o alterar.

Isso leva-nos ao segundo ponto, saber como fazer essa mudança na prática.

Aqui é onde informação prática entra em campo, mas isso não significa que toda a informação é a correcta.

Se o Facebook, Instagram, YouTube, amigos, instrutores, e artigos como este podem ser incríveis fontes de informação, isso não significa que seja a certa para ti.

Se muita dela aparece incompleta e sem fio condutor, outra tanta aparecer sem contexto ou aplicação prática à tua realidade.

 

Imagem de motodivision.deImagem de motodivision.de

 

Isso significa que ou terás de fazer um grande trabalho para contextualizar e adaptar a informação a ti, ou encontrar uma escola com um programa de treinos com que te sintas confortável.

No entanto, mesmo depois de aceitares que algo tem de mudar, e de dedicares tempo e potencialmente dinheiro para o fazer, das por ti no campo a cometer os mesmos erros do passado.

Nessa altura, só há uma pergunta a fazer; o que raio se passa?!

A pergunta é válida, e a resposta é relativamente complexa, mas tentarei simplificar.

Conforme falamos em artigos passados, o nosso cérebro processa informação motora "inconscientemente" através de estruturas como o cerebelo e dos gânglios base.

Isso significa que para eliminar um erro temos de corrigir esse código, algo muito mais complexo de fazer do que aprender tudo bem de raiz.

 

Imagem de brainreprogramming.comImagem de brainreprogramming.com

 

Quem é que nunca esteve na situação de aprender um caminho novo para casa, e num dia de distracção deu por si no caminho antigo?

Apesar de haverem alguns mecanismos cerebrais extremamente complexos na base deste fenómeno, podemos simplificar o conceito.

Enquanto não tivermos rescrito por completo a técnica que estamos a corrigir, sempre que estivermos numa situação de stress, o nosso sistema vai usar o código base mais proeminente.

Por essa razão, treino segmentado mas baseado em situações reais é crucial para potenciar aprendizagem, e mais ainda para reaprender ou eliminar erros.

Lembra-te, decisões não se tomam durante alturas de pressão ou stress, nessas alturas, executam-se acções.

Já partilhei este vídeo várias vezes e em várias plataformas, mas nunca é demais ouvir este mesmo efeito documentado pelo Todd Waters, campeão Australiano de MX.



Isto diz-nos que mudar é difícil, mas não impossível, por isso aceita que o processo pode ser longo e por vezes penoso, mas vai valer a pena no fim.

Deves portanto usar esta informação para não te deixares surpreender nem desanimar pelo caminho que tens pela frente.

DICAS FRESCAS E BOAS

Posição corporal é um dos meus tópicos preferidos, e um mundo por si só.

Com isso em mente, partilhar tudo aquilo que gostava num só artigo vai ser totalmente impossível, mas não posso deixar de escrever sobre o corpo e não partilhar pelo menos uma dica de posição corporal.

No entanto, escrever informação sem uma componente visual de auxílio vale o que vale, e para mim, vocês merecem mais.

Por isso, hoje vou tirar uma página das minhas aulas e workshops, e pedir-te para copiares o que eu vou fazer enquanto vês o pequeno vídeo que se segue.

Assim, vais não só ter acesso à informação, mas também ficar com esta definição “tatuada” no cérebro, e a probabilidade desta dica ficar esquecida vai ser mais reduzida.

 

 

Torna-se assim simples de compreender como pequenos ajustes corporais fazem diferença na nossa posição em cima da mota, com este especifico a mostrar claramente o que um ajuste na mão faz ao cotovelo e braço.

Poderia dedicar um artigo na integra a explicar porque a posição do cotovelo é relevante, mas por não ser o intuito deste texto em particular, o que importa é que consigas responder a uma simples pergunta; sabes como o teu corpo se mexe na mota?

Se a tua resposta é não, parabéns!

Acabaste de atingir o primeiro passo para mudar essa falha.

Por isso, agora é altura de procurares a informação certa ou o instrutor que queres para te ajudar, e manteres em mente que pode ser um longo processo, mas um que vai trazer frutos para o resto da tua vida em cima de da mota.

 

Your riding buddy is trying to kill you!


1 comentário

  • Ricardo Ribeiro

    Como posso ter essa ajuda ?

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